De repente começou a chover naquela tarde cinza de inverno.
Parecia que nada mais importava ou era melhor do que estar os dois totalmente molhados, contemplando e participando diretamente daquele grande espetáculo da vida.
Mas nem sempre foi assim...
5 minutos antes... Os dois caminham juntos sem saber o que está por vir. Eles não tem ideia que naturalmente seus rumos, planos e anseios irão mudar. De repente ouve-se um barulho no céu... Os dois param e meio que aterrorizados, seus olhares se cruzam... Até parece que estão hipnotizados... Por um momento esquecem de tudo, e claro, não querem mais estar em outro lugar a não ser ali, lado a lado. Se abraçam, e o respirar ofegante dos dois é acalmado por uma leve brisa que os envolve anunciando algo.... Algo está para acontecer... Quando são surpreendidos por um som que mais se parece com um som de orquestra, vindo do horizonte, chamando a atenção de todos. É o prenúncio de algo que vem ao encontro inevitável dos dois.
E agora? O que fazer? Não seria a "deixa" para correr e tentar escapar? Seria, não fosse o fato de que os dois preferem não fugir. Eles decidem ficar e se molhar. Não dá outra! A chuva cai.... E os atinge em cheio.
As gotas caem do céu imponentes molhando os seus cabelos e deslizando suavemente pelos seus corpos abraçados um no outro.
O sorriso estampado na face do casal denuncia que algo divino ocorre ali. Ahh! Eles sabem que cada gota daquela é os céus os tocando providencialmente. Uma experiência sobrenatural....
Os corações unidos em uníssono dizem em alto e bom som: -- Óh chuva! Água cristalina que cai do alto e como um manto sagrado nos cobre e nos uni cada vez mais... Nos molha, nos lava, purifica nossa alma e torna este grande amor inocente e eterno.
Sabem que a experiência é única e portanto aproveitam à altura. Eles pula, dançam e dão altas gargalhadas. Não falam nada um ao outro. Mas falar o quê? Nem precisa... Eles se expressam através de uma linguagem que não precisa ser ouvida, mas sentida.
Por um instante param, e como sinal de devoção, abrem os braços em direção aos céus... E calados, os dois agradecem pelo privilégio da experiência que estão tendo. Isso tudo porque eles "se permitiram" naquela tarde pintada de cinza.
Agora tudo faz sentido! Nada do que estava acontecendo era obra do acaso. Tudo foi por um propósito... Um sentimento de certeza toma conta, e o que eles querem é não protocolar tanto a vida, mas vivê-la intensamente, compartilhando um com o outro mais desses momentos.
E abraçados vão caminhando, satisfeitos e felizes rumo ao horizonte em direção a qualquer lugar.