Ei rosto tudo bem contigo?!
Diga-me quem tu és?
Diga-me quem tu foste?
Quem te conheceu?
Os espelhos pelos quais tu passaste e que com eles tu
interagiste sobre tua beleza peculiar?
Quem tu amas ou amou?
Diga-me algo sobre tu porque eu sei que tens muita história
pra contar.
Todos os dias somos cercados de rostos por todos os lados. É
rosto pra cá, é rosto pra lá, e cada um conta uma história. Um rosto fala sobre
quem somos ou fomos. Conta a história de experiências vividas. Caminhos
percorridos. Traços marcantes e hereditários que carregam um nome, um sobrenome,
um clã, um propósito.
Eu saio de casa, e pelas ruas da cidade eu vejo infinitos
rostos. Olho o rosto do magro e do gordo, o rosto do negro e do branco, o rosto
do velho e do moço, o rosto da dona Maria e do seu João. E independente de quem
ele seja, cada rosto tem “cara” de alguma coisa. O seu tem “cara” de que ou de
quem heim? De repente você tem “cara de
uma fruta” ou “cara de cachorro”, “cara de macaco” ou “cara de coruja”. Talvez
você tenha cara de patricinha, cara de alguém chato ou convencido. Ei “cara de
pau”! Você tem cara de um ator famoso? Mas é a cara de Brad Pitt! Kkkk...
Rosto não se compra e não se vende.
Rosto que ama não abandona.
Rosto que faz alguém feliz é impossível de ser esquecido.
Rosto que é lindo.
Rosto que influencia e que coloca alguém pra cima.
Rosto que inspira.
Rosto que se vê e logo se deseja conhecer.
Muitos rostos alegres, outros nem tanto. Um rosto sofrido
que o deixa compadecido.
Um rosto que merece nossa atenção e outros que ignoramos
completamente.
Rosto que meio sem querer você acaba conhecendo só porque
nele se esbarra todos os dias.
É muito ruim quando você sente falta de um rosto, mas que
infelizmente não pode estar mais diante dos seus olhos. E o que resta são
somente as lembranças vivas em sua memória.
Tem também aquele rosto marcante que você viu uma vez e
nunca mais saiu da sua cabeça.
Uma vez estava fazendo umas fotos no Centro Histórico da
Cidade quando me deparei com um senhor já de idade sentado na soleira de um
casarão. Ele era negro de cabelos longos e grisalhos e barba longa e grisalha
também. De roupas simples de pano grosso, sujas e surradas pelo tempo. Com um
cantil e sandálias de couro ele estava sentadinho todo quieto, apenas ali. Mas
nada se comparava ao rosto daquele homem... Sua expressão facial era algo
inesquecível. Logo o cumprimentei e pedi
para fotografá-lo. Engraçado é que ele disse nem que sim, nem que não, só ficou
me encarando nos olhos. E como quem cala consente claro que eu o fotografei. Ficou
ótimo! Não era apenas uma foto, mas uma arte.
Com certeza aquele rosto “castigado” tinha muita história
pra contar. Pra muitos um mendigo apenas, mas pra mim um rosto que se eternizou
em minhas memórias e que de alguma forma me ajuda sempre que preciso ser mais
humano.
Então seja ele conhecido ou desconhecido, cada rosto sempre
terá algo a dizer a respeito de si mesmo.
Sempre haverá em cada rosto uma história escrita
pelo tempo.
No rosto sempre haverá a história de uma vida.